sábado, 22 de agosto de 2009

Tenho que mudar de cidade.


Tenho que mudar de cidade. O Rio de Janeiro é lindo, eu amo ele apesar de tudo e é o lugar onde quero morrer e envelhecer. Mas por agora, por uns tempos, eu tenho que mudar de cidade. Ainda mais sem emprego fixo, só "freelançando". Moro em Jacarepaguá, onde as coisas não acontecem, mas nem mesmo a Lapa e a belíssima Zona Sul me apetecem. Meu quarto se tornou, agora entrando na adultiçe, um lugar agradável e confortável, aonde tenho preferido ficar do que arriscar em velhas opções fora dele.

E até as novas opções de lugares para onde sair já não têm tanta graça, por que são apenas possibilidades formadas dentro das informações que eu recebo de quem já foi lá. E sempre que chamam para ir a algum lugar, "vendem" o lugar como a opção mais descolada com gente bonita, clima de azaração e presença de famosos. Ok, o "presença de famosos" foi por minha conta, mas às vezes o item é realmente citado.

A única coisa que me leva a entrar numa dessas são os meus amigos. Como recusar o Marquinhos me chamando para qualquer coisa? Pode ser até para ir numa festa de ano novo na casa de Wolf Maia, que quando você vê, já está dentro do táxi. Pode ser para ficar de bobeira também, chamar o Collier e ficarmos os três morgados num colchão, comentando tudo e todos. Os nós três nos largarmos no Atlantys, com nosso personal-analista Tulio. Ou aqueles almoçinhos no Fil, ou farra com pessoal do trabalho, ou um monte de coisas. Coisas que não tem preço.

Mas voltando aos lugares para sair no Rio de Janeiro, nada mais tem muita graça. Queria a novidade, aquela coisa de não saber muito bem aonde estar, para onde ir. Arriscar. Por que vontade eu tenho, de sair, de explorar, de viver. Mas ultimamente tenho preferido ficar no meu quarto com minha internet, tv a cabo, banheiro por perto e a minha camona. E não quero entrar nessa, porque isso é a receita certa para a solidão.

Aí bate a vontade de ter alguém para ficar de bobeira contigo. Mas na verdade você queria se duplicar, queria uma pessoa exatamente como você. Que vai ter vontade de ver os mesmos dvds na mesma hora que você, que vai querer dormir na mesma hora que você, que vai querer sair quando você também quiser sair, etc. Mas parece que tem que ser exatamente assim.

Porque quando essa pessoa discordar de você, quando ela quiser sair e você não, quando ela quiser trepar quando você quer dormir (ou o contrário), quando ela quiser ver tevê quando você quiser escutar música, tudo vai começar a dar errado. Alguém vai se irritar e descontar no outro ou na outra tudo o aquilo que ela engoliu seco para não discordar do companheiro (ou companheira). Daquele dia que não estava com vontade de ir ao cinema mas foi para não discutir, do dia que queria fazer uma loucura qualquer no fim de semana e o outro queria dormir, e por aí vai.

Enfim, esse "você duplicado" não existe. E se existir, provavelmente também estará entediado em seu quarto, preferindo estar ali do que sair para qualquer lugar na cidade onde nasceu e se criou, logo vocês não se encontrarão.

Por isso, eu tenho que mudar de cidade. Quero ir para um lugar onde eu não tenha onde ficar, onde a ansiedade e a necessidade me faça sair de casa, explorar e ganhar a vida como tiver que ser. Quem sabe numa dessas eu não encontre o tal "eu duplicado" me procurando também?

Por que aqui, na cidade onde nasci e me criei, parece que me achei e isso era tudo que eu estava procurando. Mas e agora? Isso preenche alguns vazios e cria outros. Prefiro vazios antigos, que dependiam só de mim, a vazios que dependem de outras pessoas.

Então, mais uma vez eu repito: eu tenho que mudar de cidade.